Ode ao carnaval
Há uma tristeza inconveniente
no ar
dessa terça feira gorda
em pleno carnaval.
O centro está vivo
com o agito dos foliões
alegremente embriagados
afogando-se todos
em piscinas lascivas
De sangue
pus
álcool
e ignorância.
É carnaval,não há problema!
o mundo torna-se lindo
nessa época.
As padarias do centro
lotadas de homens
e mulheres
de ressaca
bebendo café
ás golfadas ardentes
goela abaixo.
por quê?
Não há porque!
A periferia é contraste
jaz morta,não enterrada
com seu exército de reserva
sentados na calçada
ignorados.
Juntos as sarnas
dos vira-latas jogados no chão.
O carnaval é limitado
só entra com fantasia
com máscara
O carnaval é máscara
Olhares de desprezo
raiva
piedade
por todos os lados.
Porque me sinto mais à vontade
no silêncio ignorado
da periferia
do que sendo afogado
nas piscinas lascivas
do centro?
Chuva...o céu é branco
parece choro
parece lamento
Mas é essa chuva
que lava os foliões
e os ignorados
Lava o sangue
o pus
o álcool.
Menos a ignorância
essa fica...
infelizmente.
Há uma tristeza inconveniente
nesse poema.
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