terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Ode ao carnaval

Há uma tristeza inconveniente
no ar
dessa terça feira gorda
em pleno carnaval.

O centro está vivo
com o agito dos foliões
alegremente embriagados
afogando-se todos
em piscinas lascivas

De sangue
pus
álcool
e ignorância.

É carnaval,não há problema!
o mundo torna-se lindo
nessa época.

As padarias do centro
lotadas de homens
e mulheres
de ressaca
bebendo café
ás golfadas ardentes
goela abaixo.
por quê?

Não há porque!

A periferia é contraste
jaz morta,não enterrada
com seu exército de reserva
sentados na calçada
ignorados.
Juntos as sarnas 
dos vira-latas jogados no chão.

O carnaval é limitado
só entra com fantasia
com máscara

O carnaval é máscara

Olhares de desprezo
raiva
piedade
por todos os lados.

Porque me sinto mais à vontade
no silêncio ignorado
da periferia
do que sendo afogado
nas piscinas lascivas
do centro?

Chuva...o céu é branco
parece choro
parece lamento

Mas é essa chuva
que lava os foliões
e os ignorados

Lava o sangue
o pus
o álcool.

Menos a ignorância
essa fica...
infelizmente.

Há uma tristeza inconveniente
nesse poema.




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