Templo
I.
Por fora era bela
porte de igreja,charme de capela
estatuas góticas
de anjos e santos
feitas de mármore,
marfim,madeira
e ouro.
Era perfeita ao barroco
num misto de europeu e sertão.
Igreja,capela
praça de são pedro
cistina.
II.
A porta de carvalho
vira ripa de madeira
lenha de fogueira
e o que era belo vira feio
o sacro vira pagão
anjo vira demônio
santo vira anticristo.
As orações corruptas
escorrem pelas paredes
virtudes tornadas pecados
relicários,peso de papel.
Sacerdotes em mantos sagrados
cantam feitiços pagãos
confessionários abertos
terço pela metade
ou um quarto,um quinto.
Fiéis vestidos de ovelha
conduzidos pelo pastor
para o matadouro prometido.
III.
Terão suas lãs raspadas
suas carnes cortadas
cascos algemados
gorduras medidas,rosto cuspido.
Terão o sangue bebido
e um clone gerado,
sua identidade será roubada
e feita dupla.
E o pastor sádico olha de longe
ao lado do cão feroz
que ladra leis,
ao passo que porcos
preguiçosos,preconceituosos
apontam,riem e julgam
e protegidos pelo CÃO
também agridem.
IV.
Muitos morrem no matadouro
dezenas morrem de fome
duzias morrem de câncer
centenas morrem de doença
milhares morrem de medo
e milhões apenas morrem
e morrer de amor?
de amor não
"amor" é coisa de poeta
só se vê em verso
a prosa é egoísta,ou muito tímida
tem amor sim,mas não compartilha
não sente como o poema.
V.
Deus morreu,suicidou-se
tomou veneno e foi-se
ou,com uma arma
meteu uma bala nos dentes
que furou a garganta
o céu da boca,e os miolos.
Em seu lugar,pôs a Ciência
sua prima capenga
que na infância caçoava
de sua cegueira, surdez
mudes e preguiça.
Ela desejava seus templos
e agora os tem
e como antes...
as ovelhas se matam e mutilam
o pastor assiste
o cão vira o rosto
e o porco ri.
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