segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Um poema.

Se eu fosse te fazer um poema
primeiro aboliria a gramática
de regras sádicas.
esqueceria dicionários
pretéritos e outros tempos,
cunhos e vernáculos a quatro.

Se eu fosse te fazer um poema
não faria questão de ser poema
não teria rima nem métrica
nem estrofe ou verso
nem sentido.
se eu fosse te fazer um poema
seria meio modernista

Adicionaria um pouco de amor,
o suficiente para ser tolo
mas não demais
falar de amor é careta.
Não existe amor maior que o casamento
da ideia com a caneta.
o papel é amante.

Se eu fosse te fazer um poema
sua mensagem seria clara
como a luz da lua plena
longe do sol mecânico metropolitano

Adicionaria a fluidez do mar
e a simplicidade tão complexa
das estrelas refletidas...
em sua superfície...
flutuante.

Se eu fosse te fazer um poema 
teria o amor a vida
que o suicida descobre
e não sabia que existia

Haveria de ter em cada silaba
a alegria do samba,
a calma na alma do reggae
a agitação de shows de punk rock
e uma melancolia copiada do "Pearl Jam"

Se eu fosse te fazer um poema
seria livre como pássaro 
e feliz como grito de liberdade,
seria carregado com a brisa
do primeiro baseado do dia

Se eu fosse te fazer um poema
seria doce como chocolate
com o risco de ser enjoativo.
Mas isso tudo só seria possível
se eu fosse te fazer um poema.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

consolo


A morte parece inalcançável
até ela entrar chorando em sua casa
e sentar-se amedrontada em seu sofá,
trêmula, frágil e fraca. 

E embora essa morte
fosse a mesma morte que outrora
você repudiaria e expulsaria
de seus iMortais aposentos....

Mas não dessa vez...
dessa vez você a consola
encosta a cabeça dela no seu ombro
seca suas lagrimas e
conforta seu assombro.

Sente vontade de sela-la e protege-la
no calor dos seus braços,
como se a protegesse dos males
embora ambos saibam
que isso não é verdade.

Só embora
porque essa morte de outrora
é a dor de agora.