quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Casa sem palavras

Casa comum essa
três quartos
uma sala e uma cozinha
um quintal
e uma piscininha.

Dois gatos também
que são enfeites
como quadros 
ambulantes.

Cinco pessoas vivem,
habitam a casa

O pai vê televisão
a dona da casa,séria
lava a louça

O irmão mais novo
anda no quintal
circulando as pedras
do chão.

O irmão do meio
ouve musica
e o irmão mais velho
no papel, escreve
sem palavras

Pronunciadas.

Os sons são diversos
e os ritmos diferentes
não há silencio, não há
quietude
nenhum momento.

E junto ao som da vida
o da louça lavada,
da musica apreciada
da voz da televisão
do chinelo do pequeno
que raspa o chão.

E a caneta que risca o papel.

Não há silencio
mas não há palavras
uma quietude humana
toma a casa

individualidade
somente humana.

Os objetos não se calam
são mais vivos
mais humanos
que o pai
a dona da casa
o irmão mais novo
o irmão do meio
e o irmão mai velho.

Há silencio, sim senhor!
silencio de palavras.

Palco morto(crise)

Poucos sabem, mas
quando escrevi a carta
"suicida apaixonado"
eu realmente
me mataria.

Nem eu sabia,
mas a embriagues
da minha situação
me leva a essa descoberta
essa confissão.

Eu deveria ter morrido?
ou eu já morri?
se já morri, será...?

Que minha punição 
eterna
É pensar e sentir
a duvida
de como é estar vivo
a vida,é só um castigo?

Uma punição
um filme repetido
daqueles de domingo
a tarde...
Tarde é essa descoberta.

Se fosse cedo
quiçá eu ainda fosse vivo
mas eu sinto
sinto calor
frio
amor
Ódio.

Sinto as emoções 
aos vivos reservados
logo...Só posso viver!
E se...
E se??

E se o que?

E se isso que eu sinto
seja só mais um adendo
ao castigo?

Meus crimes
devem ter sido terríveis.

E se eu for um espectro?
uma vida que morreu
ao nascer no leito
hospitalar
abortivo.

E passo a viver
a vida que seria minha
enquanto o mundo gira
numa direção contraria
a minha.

As pessoas vivem
a vida, que eu viveria
Pois não vivo
finjo que vivo
brinco que vivo.

Como se fosse teatro
um espetáculo!

Se de fato for isso
espero que a audiência
esteja se divertindo
esteja satisfeita

Da mesma maneira 
que eu estou.

Minha plateia!
viver ou não viver
MORRER
é só mais um detalhe.

Soturno

A noite me abraça
me enlaça
o sono bate a porta
da minha cabeça
fechando as cortinas
das pálpebras.
Eu nego teus encantos
nego o leito
nego o descanso
E fico aqui
na companhia da lua
e seu harém infinito
de estrelas.
Junto ao copo escuro
do vinho seco barato
mais barato
que o ar que respiro.
Escrevo poemas soturnos
como os românticos
perturbados.

Violação

Minha palavra amada
jaz morta e enterrada
eu faço tua tumba violada
não ficara abandonada.

Violo com caneta
                    e papel
o descanso dos versos
e escrevo palavras sabor fel

faço a letra voltar a vida
e andar sempre perdida
com passos desajeitados

E versos desafinados
cambaleando os passos
EMBRIAGADOS

Espalhando minha intenção
meu sentimentalismo
meu lirismo
meu canto
meu poema

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Em vão

Lágrimas derramadas em vão
não fazem a planta
romper o chão

Não!

Lágrimas choradas em vão
não tocam
nem o mais mole
coração

Não!

Lágrimas que escorrem
                                  em vão
não ajudam a perdir perdão

Não!

Lágrimas que pingam
                              em vão
Não mancharam a pagina
do livro escrito a mão

Não!

Lagrimas em vão
palavras em vão

Não fazem uma poesia
em vão.

Crianças

Crianças da proxima alvorada
rezem muito
por esse mundo em sombras
sombras
que hão de ser dissipadas
por esse novo raiar.

Criança do novo despertar
acordem as pessoas
que vivem sonambulas
em sono a andar
e falar.

Crianças desse novo mundo
crianças de nova esperança
não chorem
morte alguma
muito menos,nossa morte
filhos de uma alvorada
que brilhou um dia

Mas que agora é sombra

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Semelhança

Acumule o quanto quiser
enriqueça
cresça
o quanto precisar
pise em quem
deve pisar
Seja o primeiro
todo momento.

Mas o mesmo fermento
que cresce o bolo
do melhor
faz o mesmo
          ao pior.

Aproveite,ou perca tempo
o rico termina igual ao pobre
os mesmo vermes
que irão decompor
a carne que foi
burguesa em vida

Também irão decompor
a carne que foi
proletária

O primeiro e ultimo
colocados
cruzam a mesma linha
de chegada

Misticismo

Meu horoscopo diz
que sou uma boa pessoa
já o horoscopo chines
diz
que sou teimoso
e impulsivo.

Ou seria o contrario?
quão diferentes podem ser?

Meu taro da sorte
continua sorteando
ao acaso
ou não
as mesmas cartas

Casa de deus
 A roda da fortuna
O carro
O sol
A lua
O louco

Independente da maldita
pergunta feita.
como se fosse um baralho
comum
de truco ou
poker
nas mãos de um bom
TRAPACEIRO.

As linhas da minha mão
parecem encruzilhadas
e esquinas confusas
ou as escadarias
insanas
do quadro de Escher

As formas no fundo
do copo de chá
continuam sendo disformes

E as imagens 
daquele teste Rosechack
sempre aparecem 
como borrões
ou no máximo um morcego
ou alguma sacanagem aleatória

Se Freud me analizasse 
eu seria mais um louco
que pirou de vez.

Meus búzios ainda caem errado
minha aura
invisível

Os duendes da minha casa
continuam pedindo laranja,
já enjoaram de maçã

Bruma

Os anjos de fumaça
e bruma
voam e
difundem-se
entoando canções
épicas
de acordes e melodias
obviamente angelicais
mas ao mesmo tempo
ironicamente 
           dotadas
de um tom fúnebre
e assustadoramente
satânico.

Mas não deixam
de ser anjos.

E dançam felizes
com movimentos
             satíricos
aos olhos do jovem
insone, que escreve
quando devia
cegar-se
para a morte temporária
de hipnos.


sem titulo

Procurem entender, leitores dos meus relatos, muitas das palavras que escrevo não dizem respeito a mim
ma sim a infinidade de pensamentos materializados em heterônimos, ou em diversos "eus poéticos" que habitam o meu cranio, mais precisamente a minha mente que é repartida, por esses pensamentos, em fronteiras.
               Logo os poemas e textos que foram escritos com a minha letra, podem ser biografias inteiras de vidas que nem existem. Mas que mesmo não preenchendo o vazio que é ocupado pelo ar que enche meus pulmões, ocupam o vácuo incomodo, hora branco, hora negro, da minha cabeça e também da minha própria existência, pois se não fossem essas vidas que não vivem talvez eu fosse uma pessoa diferente.
                          Quem sabe eu não sou o heterônimo de alguém?