quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Carta aos burgueses.

Aos Inimigos...

   Não há limites para a alegria do peito libertário ao apontar teus valores como perversões do real sentido de liberdade, que move esta caneta, que nos faz levantar contra o que nos fere, e principalmente: que causa tanto medo em seus corações abalados e mentes frágeis. Vocês temem o que não conhecem e o que não imaginam ser real.
      A família, teu ensaio de relação humana, o tão precioso núcleo dos teus preciosos valores, é a forma corrompida do amor. O que deveria ser livre do toque bruto da realidade é acorrentado e posto em uma gaiola perante sua implacável burocracia, seus acordos e contratos maléficos. Aos teus olhos,o amor é parte do mercado dos mil feriados. E aquilo que é a "família" é esse "amor" em forma de corrente, que prende um ao outro e o torna obrigatório, como os grilhões que uniformizam o passo dos prisoneiros.
       A fé, mais do que uma perversão, é aquilo que nos perverte. Se aproveita do nosso maior medo e o estimula com ameaças de castigos terríveis por toda a eternidade, de horrores nunca vistos em terra, com mais uma prisão. E quando abrimos a boca para,finalmente, gritar em desespero e pavor, aproveitam a abertura para enfiar goela a baixo as suas orações e sua moral bem ensaiada,porém corrompida, seus valores tão antigos quanto a contagem do tempo. A fé é o ciúme que aponta a seus rivais em potencial e os julga perigosos, dizendo em sua orelha para que se afaste e te oferece recompensas se cumpre bem os seus deveres. Aos olhos de deus,do seu deus, vocês são mascotes a espera de um biscoito.
      E a pátria é a perversão da relação humana. Transformam uma multidão de indivíduos únicos, mas que lutam por um bem comum, em um exército de bestas que competem da maneira mais agressiva para brilhar aos olhos de seu país, mais importante: brilhar o suficiente para ofuscar a imagem dos outros.
      O grande truque é vesti-los em uniformes iguais, com as mesmas falhas e remendos, e distribuir coleiras mais bonitas aos teus favoritos, alimentar mais os que são os "filhos da pátria", e como filhos, protegem seu "pai".Tornando-se aqueles de uniforme diferente, e que agridem os que tem uniformes comuns, coleiras feias e pouca alimentação, fracos e dispersos demais para lutar. E se mesmo assim o excluídos passam a ser vitoriosos, a pátria arma seus amados filhos, e deus os abençoa com a falta de consciência.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Os versos mais tristes



A distancia não importa.
te vejo como exilada
o que te prende é uma porta.
e te imagino acorrentada

Em grilhões de calor fraternal
elo por elo de amor materno
nas sombras do carinho paternal
você não voa, parece um inferno.

De outono em outono,até primavera
os anos passam, a corrente não quebra
será que você lembra como era?

sentir e expressar qualquer emoção
andar todos os passos, sem pedir permissão
será que você lembra de antes dessa prisão?



para uma prisioneira que resiste.
por quanto tempo?

Uma passagem

        Do alto do topo dos topos, do pico dos picos, acimas das nuvens e superior aos círculos de anjos e as voltas e voltas celestiais, deus estava sentado em seu trono admirando sua obra.Olhando o majestoso planeta e suas formas de vida perfeitas, provas vivas da de sua sabedoria criadora, e naquele momento sorriu com sincera alegria.
          Alegria que durou pouco, pois o planeta seguinte era a Terra.Com seus seres humanos tão volúveis símbolos vivos da divina capacidade de errar, afogados em suas dividas e obesos de ganancia .
          Assustado com o que viu, os crimes, as mortes, os comediantes de um humor racista, as guerras santas, a televisão aberta de domingo. Deus decidiu descer de seu supremo trono e ir ao lugar que ignorava a tempos imemoriáveis  decidiu abandonar as alturas celestiais e mergulhar,sem testar a temperatura, no lago de fogo, enxofre, sofrimento e sarcasmo que os cristãos chamam de inferno.
         Desceu todos os degraus do firmamento e alcançou os portões da perdição eternar, que limitava o cinzento purgatório do rubro lago de chamas, e naquele momento foi louvado pelos que lá habitavam, e apiedado disse:

-Vocês são almas generosas e verdadeiras em seus louvores, uma pena terem existido em eras anteriores a vinda do meu filho à terra, e não terem nenhuma ligação com o meu povo escolhido.

        Uma voz veio do outro lado do portão, e perguntava em um tom grave o motivo da presença do senhor dos exércitos no portões infernais da terra dos condenados.

-Vim conferir as punições aqui aplicadas às almas corrompidas.

        Os portões se abriram lentamente, revelando o brilho do fogo, o cheiro do enxofre e os gritos blasfemos dos punidos. E de dentro, o demônio em pessoa.

 - Me acompanhe então,deus. Temos muito o que ver.

       Repetindo os passos de Dante e Virgílio as duas figuras descera até as profundezas da eterna prisão com requintes fascistas e um toque de nazismo aqui e do lado de lá. O inferno era todo direito.
      Passaram pelos lagos de barro com chão de vidro estilhaçado, onde os glutões e os avarentos aguardavam o momento de serem devorados por Cérbero. Pela floresta onde as almas eram transformadas em árvores retorcidas, as tumbas flamejantes, os poços de fogo e sangue, os campos escuros onde os injustos eram presas eternas para Quíron, chefe dos centauros.
      E deus presenciou toda forma de punição enquanto o diabo dava explicações dos processos, com pequenas pausas para cumprimentar cordialmente os colegas torturadores, como um escritório profano.
Perdão o pleonasmo.

    E quando atingiram o fundo de tudo, onde os assassinos e adúlteros são punidos, o demônio abre um sorriso e diz:

-Isso conclui o nosso tour, espero que tenha sido de seu proveito e que volte sempre, ou pelo menos de vez em quando.

     Mas deus não deu atenção, estava interessado demais em uma porta de um material metálico com espetos e tochas em sua superfície, e uma placa de "mantenha distancia" terminava os adornos.

-O que tem ali dentro? - perguntou a figura divina, apontando a porta.

-Ali estão os piores de todos, em quesito de dignidade e decência. Sua punição é tão forçada que até mesmo os demônios mais sádicos do inferno recusam-se a assistir. Felizmente,sempre há aqueles que insistem em cumprir o dever e acabam mortos por insanidade. Bravos demônios,esses.

-Pelos céus! e qual é esse terrível castigo?

-Dentro daquela porta as almas repugnantes são atormentados com a própria criação, e os frutos disso.

-E quem são essas terríveis almas?

-São muitas.Mas, para citar exemplos: Donos dos grandes canais de televisão, e seus colaboradores, os criadores da MTV são os piores. Estes são expostos ao programas inúteis, as propagandas e nos caso dos últimos mencionados, seus ouvidos são estuprados pelos ritmos modernos do mercado, o mesmo vale para as grandes gravadoras e os próprios tolos que colocaram a música a venda. Outro exemplo são os escritores de tendencias e romances adolescentes de valores corrompidos. Estes são obrigados a consumir os frutos hediondos de seus trabalhos: versões escritas pelos fãs. E isso para citar exemplos...Nem queira saber o que o Roberto Marinho passa, muito menos os presidentes da Fox. Quer dar uma olhada?

-Por tudo que é sagrado,NÃO! Mente alguma é capaz de suportar a visão de tamanha atrocidade.

   E dizendo isso, deus retornou ao seu trono supremo, a admirar o planeta já citado, com suas formas de vida perfeitas, também já citadas.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Cabelo.







No
Cu
.
.
.

Se
Fo
de
r.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Aos adultos



"Vida adulta"
é um sinônimo de escravidão.
um trabalho que te insulta
a vida torna-se prisão.

As contas te cortam
a burocracia te chicoteia
seus sonhos se matam
e você faz o que odeia.

A sociedade te pressiona
para cumprir o seu dever
e se você a abandona,
merece morrer.

Chorar passa a ser ridículo
coisa de criança.
te prendem num cubículo
e sugam tua esperança.

E você fica escondido.
e se liberta no espaço do banheiro
e chora, e pede e canta, sem ser interrompido.
até quebrarem tudo, pedindo teu dinheiro.

 te privam dos teus desejos
até que alguém te sepulta.
na vida adulta
somos escravos de nós mesmos.


Mont blanc femme individuelle

"Meus olhos tem um tem um reflexo novo. Mais reluzente, mais claro, e bem mais espelhado.Meus olhos tem um reflexo diferente que me assusta e desagrada profundamente. Janelas não refletem, janelas expõem."

A minha baixa estima foi brutalmente assassinada pela minha alto estima que, incapaz de viver com a culpa,se enforcou algumas horas depois. Tudo isso aconteceu ontem de manhã. Mentira... nem se quer sei se existe isso de "baixa" e "alto" estima, simplesmente imaginei que seria um bom começo, tamanha a poeticidade.

 Escrever uma carta no verso de um poema improvisado à força talvez não seja a melhor maneira de passar a madrugada enquanto aguarda o sono. Torcer as cascas, já utilizadas, de uma laranja não vai aumentar o volume de suco na jarra. É o mesmo principio.

  Não pretendo alongar demais. Digo logo que estou bem,sem demais problemas. O sentimento de vazio e solidão já não é mais um infortúnio, na verdade, eu não o sinto faz alguns dias. Situação diferente da carta anterior que a palavra "solidão" aparecia borrada acidentalmente.

   Recentemente fui ver o litoral. Rendeu ótimos frutos! Boas risadas, um pouco de embriagues e poucas horas dolorosas de sobriedade.E claro, alguns poemas e textos que seria um prazer para mim se você os lesse. Infelizmente, não escrevi nenhum deles, e minha memória está em branco sobre tais escritos de uma lírica dispensável e fora de hora.Não era tempo de escrever, como é agora.

    Ficará feliz em saber que larguei o tabagismo,e que meu consumo de cafeína reduziu drasticamente  bem como outros remédios. Quanto outros aspectos da vida que me foram proibidos por lei, não garanto que os abandone, logo, não prometo nada. Não há veneno mais letal que suas lágrimas, de qualquer jeito.

    Quanto a minha recuperação, digo que anda assim como eu: Mancando. Mas há de chegar em algum lugar. Não sei se cheguei a mencionar esse pequeno detalhe em outras cartas, mas como o habito de escrever-te é recente, não me culpo por omitir esse miserável detalhe.
 
                 Nada mais a dizer, fique em paz.

P.s: caso não receba uma resposta, assumirei que está morta(o), ou minha carta foi extraviada, ou você está me ignorando.

Que seja uma das duas primeiras, mas nunca a ultima. 


O infinito


O tempo passa.
o dread cresce
o cabelo embranquece
a planta floresce

A criança então cresce.
os olhos mudam a coloração
os pés adam o chão
machuca-se o coração
pede-se perdão.

Não,ainda, não.
volta torna-se ida
a vida vira percorrida
caminhada é corrida
e o que antes era vida
agora é sofrida.

Uma passagem só de ida
uma carta antiga
uma mão amiga.

Lírica de uma figa.
a alma arrebatada
a ferida cicatrizada
a doença medicada
enfermidade curada

Uma oração amaldiçoada
o doloroso passado
um filho calado
outro já enterrado
tudo está anotado
devidamente contabilizado
bem administrado.

O inocente ameaçado
uma rima em mente
mãe também mente
planta-se uma semente
vive-se novamente
menos intensamente
ou mais fervorosamente.

Deus fala erroneamente
esperando a hora de morrer
não há o que fazer
só escrever.

Ora, porque não vai se foder?
o tempo passa
o rosto amaça
uma nova ameaça
uma uva passa.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Feliz natal!

        Ele se jogou do segundo piso do shopping mais chique da cidade e caiu diretamente em cima da decoração de natal. Não foi uma morte sádica a ponto de cair em cima do velhinho vestido de papai noel,nem simples o suficiente para deixar o corpo abandonado em cima de uma poça de sangue ainda quente.
        Caso fosse a primeira a comoção das criancinhas teria sido chocantemente insuportável. Não é pra menos... A imagem de um jovem suicida que se atirou de cabeça na cabeça do velhinho, resultando em dois crânios esmagados ao preço de um. Sem falar na noticia que sairia no jornal: "Terrorista anti natalino faz ataque no shopping mais chique da cidade." Fosse a primeira opção de morte, a crianças lidariam com o choque do suicídio e em seguida com a confissão das mães, que se viriam obrigadas a dizer que aquele velhinho não era o papai noel.
           A segunda não teria nenhum adjetivo a mais, ou qualquer outro ponto que mereça ser mencionado ou qualificado com aspectos de um grande choque. Seria só mais um suicida que teimou de se matar em publico para chamar atenção. Cá entre nós, da maneira mais egoísta  interrompendo  esse passeio tradicionalmente inútil de consumismo no sábado a tarde. Alguns meses de terapia intensiva e algumas conversas em casa e a criança, ou adulto sensível, estaria ponta para um outro suicídio.
         Mas não foi nem um, nem outro. A morte em questão foi cômica e dramática ao mesmo tempo, como se tivesse sido ensaiada o ano todo só para esse momento, em que o shopping estaria movimentado num sábado a tarde e a decoração de natal já instalada. Bem em cima do urso polar tomando coca-cola. Manchando o branco de vermelho e o que é melhor: Tornando ilegível o logo da marca. Genial, uma obra prima. Aplausos para o suicida que, num sábado a tarde, teve a mente invadida pela ideia de gênio:
                                                   "Se é pra morrer, que seja caindo de cabeça no maldito urso polar
                                                 da porra da coca-cola"

e claro, aplausos ao leitor pela determinação de ler até o fim, e pela confiança que o fim desse texto seria algo realmente muito bom.

Tv

"A televisão é um zoológico portátil de celebridades, que acasalam, fazem truques, se alimentam. Tudo ao vivo, só para o entretenimento do povo.
    A televisão é a forma mais inútil e corrompida do altruísmo"  

Cidades


Incontáveis quilômetros atravessados
para que um mal fosse constatado
não muda,de estado para estado
de país em país
é a mesma raiz

As ruas das cidades
pavimentadas em doces ilusões
de todas as idades
andam os padres, amantes e rufiões
pisando no solo de paixões.

do escuro,veja só
brota como flor, um sorriso
como é bonito,olha só
o rosto não importa
o sorriso é isso.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A música(um poema óbvio)


A felicidade não é a televisão
nem programas de humor.
não é pedir perdão
ou analgésico para a dor

felicidade é a música
que nasce com o dia, logo cedo
que afasta o silencio e o medo
e acalma a alma tísica.

O silêncio é a oficina dos pesadelos
música é o segredo, para não teme-los
de verso em verso
se fez o universo

De refrão em refrão
bate o coração
de melodia em melodia 
nasce o novo dia

de ritmo para ritmo
em cada nova batida
menos uma alma sofrida.

In need(musica)

You don't need the best clothes
dwelling in your wardrobe
as you don't have to care
about death or nightmare

you don't need(x2)
to like this song

You don't need to wait someone
to feed'ya and say "you are the one"
you don't need appearance 
to make any difference 

you don't need(x2)
a hero
to your villain.

You don't need me
or any other
don't need a family
to fight your inner fiends.

you don' need(x2)
to give a fuck
if goose or duck.

You don't need religion
nor heaven and hell
you turn out so well
you just need yourself.

you don't need(x4)
to listen to this shit

don't have to be rich
day-by-day you take hits
give up your school
adults are nothing, but fools

You don't need(x4)
to vote
to finde the remote

you need yourself
you need to need
don't need weapon
to be a rebel.

you don't need(x6)

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Jornal Matinal.(5/11/2012)


"Bom dia! Começa agora o jornal matinal.
o fim de semana foi violento
morreram vinte e três pessoas...."

Vinte e três almas prematuras
duas dezenas e três criaturas
e o mundo nem chorou
nem uma lagrima derramou

E os jornais não se abalaram
assassinados, e os que se afogaram
vinte e três almas prematuras
e no jornal, umas caricaturas.
Nada mais normal
alma abandonando o carnal.

"O jornal matinal termina aqui
muito bom dia, e coragem...
pois hoje é segunda feira"

Sem nomes
as idades de dois ou três
um fim de semana
nem um mês!

Sem nomes
sem silencio
uma piada...

A morte de uma criança
que de tão criança
não tinha dez anos
uma piada....

coragem...
ainda é segunda feira.

Procura-se



Sentado na mesa da agonia
sustentada pela estrutura da loucura
tão humana
minha caneta forjada em ódio
descore tinta  de horror
no papel feito de nojo.

Uma vida inteira pela frente
e duas já no passado
nunca declamei um poema meu
não viverei para ser declamado

Tanta coisa escrita
tão pouco vivido
e como velho eu reclamo
da solidão,
enquanto a carne nova
apodrece.

O sol brilha lá fora
brilha demais para o meu gosto
prefiro andar nas ruas a noite
correndo, aliás,
para que não seja visto
ou,se for visto,
não seja reconhecido.

Logo, logo, vou ouvir a voz
do meu cachorro
e possivelmente,me dará um conselho
ou vai me ofender mesmo.
não sei.

Não há mais cigarros
no meu maço de orações.