sábado, 21 de julho de 2012

sem titulo

A cidade é um berço erguido sobre os pilares de tudo que é assustador ao homem. E dentro de desse berço, repousa a velha criança do egoismo e da isolação, do que nos separa. No entanto, quando se encontra um pouco de gentileza e de beleza, mesmo que seja do tamanho de um alfinete, esse pouco já vai parecer um oceano de luz. Deve ser isso que Drummond viu naquela pequena flor que irrompeu o asfalto. 

sexta-feira, 20 de julho de 2012

ao amor eterno

eu amo

o jeito que me olha
o jeito que me beija
o jeito que me toca

amo seu jeito único de andar
e sua voz doce ao falar.

mas eu amo mesmo quando agente fode.

amo ver seu cabelo crescer
e seu nariz escorrer
em cataratas de muco

amo o jeito que sua boca 
produz saliva e ah!
como eu amo a sujeira
embaixo da tua unha.

amo o jeito que sangra no corte
e mais ainda o pus que virá depois .
só de imaginar essas plaquetas...
AI DE MIM essas plaquetas.

amo como seus tendões esticam e voltam
e como seus músculos contraem e relaxam
amo a imagem dos ossos e cartilagem
e amo ouvir o seu ranger de dentes.

amo quando você engole
e digere toda a comida.
amo quando defeca.

amo quando seus lábios cortam
pelo frio
e quando seus olhos incham
de tanto chorar.

amo seus pés e dedos
mesmo com frieiras
amo ver sua cara de nojo
ao ouvir esses versos.

amo quando termina tudo
e sai de casa.
amo ainda mais quando diz
que me traía.
adoraria conhecer seu\sua amante

mas principalmente e 
acima de todos os amores
sou tremendamente apaixonado
pelo jeito lancinante e animalesco
que agente FODE.

Assassinato

Outrora calado, estourou em clarão
um tiro no escuro iluminou o salão
numa fração de segundo,
era vivo, agora defunto.

o corpo caiu num barulho rouco
não de joelhos, deitado, tão pouco.
o corpo que cai de bruços
desperta choros sem soluços

e do buraco na testa
sangue é o que resta
do que era vivo e agora escorre

e só importa: é que morre
independe de escalão e dinheiro
fará o dia do coveiro. 

o corpo que andava

era um dia de procissão
desses agudo em religião

na hora da marcha dos fiéis
quando calejariam os pelados pés
as luzes da cidade morreram
e luzes de vela nasceram.

cantaram muitas vozes
graves,finas,lentas e velozes
e havia harmonia
um chorava e outro sorria.

e andavam como bicho único
de muitas pernas e canto mutuo
um corpo que caminhava no turvo

e lá estava eu na calçada
no escuro sem ver nada
só a luz das velas,
ouvindo distantes rezas

e sem notar, a cabeça baixava
em respeito ao corpo fechado
que no caixão selado
ao descanso era levado

a cabeça baixava
alguém chorava
o morto que passava
a alma que faltava


segunda-feira, 9 de julho de 2012

Os lamentos do Ele Lírico

Um casal jovem que se separa
uma vida que morre
e outra que brota no lugar.
Como se as duas metades do chão
fossem partidas, e Ele caiu no meio.

Dum lado a mulher nova
que não é mãe, mas Ele a aceita
porque se vê obrigado,
um homem que não é pai
mas Ele o aceita, pois foi mandado.
Ele é apenas uma criança
e criança não manda,
só assiste, é espectador.

Uma semente do Pai que vinga
já havia vingado
caso contrário, não estava separado.
um irmão que nasce
do incesto.

Posto que o Pai era primo da nova mãe
e o Pai era primo de segundo grau do Filho
primo de primeiro da nova mãe.

Primo de segundo do irmão
ou seria terceiro?
e Ele chorou, mas se calou
pois assim foi mandado
e criança obedece.

E então disputaram sua posse
se seria brinquedo paterno ou materno
e foi decidido: Fica com a mãe
                visita o pai!
Ambos brincariam com Ele.

e Ele chorou, e foi silenciado
dessa vez desobedeceu
e se entregou aos soluços
epiléticos e ardentes.

Mas com um tapa na bunda
ele engole o choro, seca as lágrimas
e obedece.
Ele é criança, e por isso apanha
e por isso...obedece.

Nenhuma criança cadece
de ter opinião
quem dirá, liberdade de expressão.

O tempo pula feriados
encontros de família
os tios que puxam saco
enchem o saco
o conservadorismo das velhas
a amizade forçada dos primos.

Ele pede para ir embora
e foi repreendido. Não pela Mãe
ou avó, avô ou pai. Pela nova mãe
incestuosa, parente do marido e do filho
choroso ele olha para o Pai
que consente com a repreensão.
e Ele chora...

E continua chorando
na escola ele é taxado
os colegas gritam: "Viado!"
só porque chora.
e Ele foi provocado
e não ficou calado, deu o troco
no punho fechado.

E os Pais concordaram: "Violento!"
"Não sabe perder"
"PSICOLOGO NELE!"
e de novo chorou
de novo sem ser ouvido
novamente ignorado.

"Desenha!" foi ordenado.
uma casa que queima
um casal separado
amigo imaginário!
e a família disse:
"Esse aí é atormentado!"

E Ele se fechou numa concha
e nunca mais chorou
e finalmente ele foi aceito
pois se continuasse assim,
no futuro terá um trono
camuflado em amor de Mãe
e proteção de Pai
e nesse trono ele governa.

Governa na autoridade de Mãe
na hipocrisia de pai.
Ele calado, sem chorar
era perfeito.
Um tio bajulador
um primo de amizade forçada
um velho conservador
filho ideal.

Do jeitinho que eles queriam
e Ele foi
e Ele é
e Ele será
e sempre será...

Mais um homem adulto
que saboreia o fel ao ver o passado.
Mas isso não é nada
Ele tem uma família!
uma esposa dedicada
que ele trai
e dois filhos lindos
que ele agride

É O HOMEM MAIS PERFEITO E PROCURADO!