quarta-feira, 31 de outubro de 2012
O recém homem decide ir dormir.Dirigindo-se ao seu quarto, partindo do banheiro,em um ritmo vagaroso, o recém homem apaga as luzes de deu templo-lar, uma a uma, até que se encontra no escuro do seu quarto.
O recém homem então ajusta seu despertador e liga o ventilador, finalmente se acomodando no seu leito e repousando a cabeça no travesseiro. No relógio passam-se trinta minutos,mas para o ainda insone recém homem, a sensação é de que a noite já está pelo fim. Ele levanta e decide abrir a janela, para aliviar o calor incomodo do comodo."É...talvez seja o calor" pensava.
De frente com a janela se encontra,o ainda insone, recém homem. Paralisado com o medo e possível raiva de encontrar os raios de sol, confirmando sua insonia. Ele abre a janela e a luz da lua ilumina o ambiente. Então ele dá as costas ao luar e deita novamente em sua cama, "Agora sim", ele diz para si mesmo.
Mas os olhos do recém homem se recusam a repousar, e começam a pensar, imaginar e criar.
Aqueles de duvidam do poder criativo dos olhos nunca apoiaram o espaço do pensamento em um ponto fixo e aleatório.
O recém homem decide ir até a sala-cozinha e expor seus pensamentos no papel. Ah, sua mania juvenil de querer ser escritor. Escreve algumas linhas com sua letra cansada e tremida, até ser interrompido por um ranger de uma porta abrindo. Olhando em direção a origem do som encontra a imagem de seu cachorro, que vem se deitar próximo ao de seu dono, o recém homem, ao pé da mesa-escrivaninha.
O dono do cachorro o admira por alguns instantes, até ser tomado da inveja do sono tranquilo daquele animal. "Qualquer preocupação de bicho deve ser melhor que uma de bicho-recém homem".
Inspirado pelo mascote, ele decide deitar-se no chão, cobrindo o azulejo frio com o corpo de recém homem. Deitado no chão ele sente o peso do sono. Antes de se fechar pela ultima vez na da noite, os olhos do recém homem se abrem um pouco, revelando o corpo do recém homem,agora recém morto, coberto de vermes comendo sua carne podre.
Desesperado, o recém-morto-homem tira os vermes de sua carne como se fossem as luzes de seu templo-lar: um a um. Até acordar num solavanco assustado, num pesadelo convulsionado, no chão de sua sala, com a marca de seu corpo estampada em suor no azulejo agora quente.
O recém acordado homem decide pegar um copo de água para acalmar os ânimos recém abalados.Pobre recém homem.
Recuperado, ele tenta acomodar o corpo no caixão de sua cama, e encostar sua cabeça na forca-guilhotina de seu travesseiro. E um a um,como os vermes, os pensamentos aparecem e somem em sua recém cabeça. Contas, deveres, não deveres, amigos, família, inimigos, amores, não amores...etc. Até não sobrar nenhum."o recém homem dorme" disse para si mesmo, ignorando a função do narrador.
-Madrugada da noite de helloween, o que é apenas só mais uma noite
-" As vezes temos vontade de arrancar o coro de nossas cabeças, fio por fio, só para ter a dor como confirmação do coração ainda vivo" mesmo que isso confirme uma mente doente.
sábado, 27 de outubro de 2012
...
No auge da minha loucura, venho a declamar palavras que irrompem do meu peito mortal, e ao fazer tal dito ato, sinto uma dor tremenda e tão grande, que me leva a escrever a esse aspecto. Vós,pai,mãe e irmão....
criam versos e trechos tão bonitos e tão generosos para quão o resto do mundo, que me sinto excluído de teus pensamentos e de tuas preces...Não sei dizer qual tempo é o meu e qual é o teu,amor da vida que vivi..e digo isso pelo simples prazer de expor o amor carnal e deveras banal que vivo e quero representar-te.
Mãe... o maior dor que já vivi foi dizer-te,por mais invevitavel influencia dor que fosse:"não acredito na aceitação da humanidade como celula do mecanismo que faz funcionar o que nos regula..." a luta há de influenciar o que nós resistimos e sentimos.Quem dera fosse de outra maneira,de outro jeito...Mas não consigo imaginar a vida de revolucionário sendo "livre",da forma que você,senhora matriarca do meu destino,expõem a minha pessoa....O ideal de liberdade tende a forçar-me contra o que você acredita...e o seu ideal de liberdade força-te contra o meu. Quantas lágrimas haverão de ser choradas antes de nós mesmos nos aceitarmos como revolucionários, e como povo nesse plano enorme que nos rodeia...Não sei dizer o destino dessas palavras, o estereotipo que haverá de lê-las... se haverá algum,aliás.Perco-me na imensidão de palavras que posso explorar para expor o que sinto em relação a tua posição."o amor há de triunfar,pois a violência perdeu sua importância no tempo.Mas não consigo administrar a ideia de uma tolerância,perante uma tolerância inexistente...Quem dera essa carta fosse maior.
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Supermercado
Se a vida fosse um supermercado
o ódio, a ignorância e o nojo
teriam preço de atacado
e o preconceito menos que um estojo
O medo viria em grandes potes promocionais
a solidão teria preços especiais
a insegurança ia ser baratinho
e teria em qualquer mercadinho
A violência seria de graça
e seria distribuída em uma praça
a angustia seria entregue em sua propriedade
e a agonia teria em qualquer cidade.
Se a vida fosse um supermercado
o amor seria vendido enlatado.
fechado
selado
o abridor teria um preço elevado.
aquilo que definha
Cada gole tem gosto de último
e o anterior, de penúltimo
meu cinismo me mata aos poucos
e meus gritos ficam roucos
Meu fim será sufocado
por palavras, sofrendo calado
declamado num verso arrependido
em um lamento tão sofrido.
A morte que vem dormindo
dizer que não tenho medo
estaria mentindo
meu verso que morre cedo
será que morro primeiro?
Morte, aceita suborno em dinheiro?
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Salve brasil!
Salve,brasil! Pátria amada
de glórias mil e gente torturada
terra de santa cruz
e prais de sangue e pus!
Salve, brasil! Pátria imaculada
de orquestra regida pela espada!
terra do samba e do carnaval
onde os ricos se banham
e os pobre passam mal
Salve, brasil! Pátria verde e amarelo
de sangue negro misturado ao marmelo.
ah,brasil! quintal do mundo
como é lindo lá no fundo!
Salve,brasil! Futebol e cultura
lembra-se dos tempos da ditadura?
e das mães que perderam os filhos?
os que não foram enterrados
e morreram sozinhos.
Salve,brasil, e sua gente sorridente.
da linda amazônia, deserto fervente
diga,brasil...como vai vossa alteza?
como? a monarquia acabou?
Não tenha tanta certeza!
só o nome mudou...
hoje se chama presidente!
Salve,brasil, e sua história!
mas, se não me falha a memória...
e os alicerces construídos
com os corpos dos indios mortos
e negros feridos?
Salve o brasil e o progresso!
salve a copa do mundo e o sucesso
brasil, pra te ver crescer
só de cima daquele belo monte.
Salve o brasil e suas novelas!
salve as viaturas e os fardados sentinelas!
mas só salve eles,brasilsinho.
para quê precisa de um pinheirinho?
Salve,salve, brasil e sua educação.
o que é dez por cento
perto de estádio em construção?
salve o país do futuro!
por favor.
terça-feira, 16 de outubro de 2012
No fundo...
No fundo, no fundo, é tudo a mesma coisa. Somos maquinas ambulantes, programados para exibir emoções, mas nunca realmente senti-las.
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Doença
Um choro ardente na madrugada
e eu acordo assustada.
Deslizo os olhos pela escuridão
rastreando sua visão.
Só encontro escuro
onde antes nosso amor era puro.
abraço minhas pernas, sozinha
chorando, minha mente não é minha.
E no dia que teu corpo foi a cova
que ergueram tua sepultura,
não vi vida nova.
Só deixei de ser criatura
filha de deus, formosa
no dia que abracei minha loucura.
A instituição
Mamãe...eu ou uma boa criança?
só um peso que era minha pança.
mamãe...sou um bom menino?
só um estorvo pequenino
Papai, eu sou teu orgulho?
só um poço de barulho
papai, eu erro demais?
é só o que você faz
O que devo fazer então?
gravata no gogó, maleta na mão!
não posso pedir desculpa?
Que pergunta estupida!
filhinho, não chore mais
faça o que eu mando!
obedeça seus pais!
Fim
I Soaram quatro trombetas
uma em cada polo.
Chegou o dia!
o dia que não é dia
nem noite, sem hora
o dia do juízo.
o esperado, o anunciado
o céu vermelho
a água que vira sangue
e choveram chamas
quando o chão se partiu
II.
O pedreiro viu vir o fim
bebendo cachaça no botequim
e vendo as chamas da perdição
lembrou dos filho, pai, mãe e irmão.
Segurava o copo na mão
como segurasse ar no pulmão.
Tentou correr, mas as pernas pararam
os ossos travavam, músculos paralisavam.
E do botequim lá em baixo
viu o céu abrir-se num faixo
e um anjo divino surgir.
Caiu de joelhos, pediu perdão
o anjo o fitou, a sorrir
disse: "eu que peço perdão"
III.
Do alto do seu poder
o empresário viu as chamas crescer.
viu o fim começar.
Mulher aterrorizada
filho de chora
telefone que toca
raiva que cresce.
Bebe para acalentar a alma.
Todo aquele poder e dinheiro
tudo que se perdeu e foi feito...
reduzido a nada.
No fogo ardente surge o diabo
envolto em chamas
coberto de trevas
O empresário tenta comprá-lo
em vão
o empresário então bajula
em vão
o empresário jura lealdade
em vão
o empresário ameaça
em vão
o empresário senta e chora
em vão
como tudo que se perdeu
e foi feito
em vão.
o empresário que ora
e o diabo dizendo a sorrir
"eu que peço perdão".
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
Ao próximo escritor(para se fazer poesia)
Para se fazer poesia
é preciso abandonar a esperança
e o desejo da vida,
mas continuar a ama-la.
Para se fazer poesia
é imperativo o amor a morte
mesmo que pareça erótico
e a outros olhos, doentio,
nunca sendo assim aos seus olhos.
É preciso extrema necessidade e vicio
mesmo que o leve a morte
ou a loucura. Falando em loucura...
experimente-a INTENSAMENTE.
É necessário admirar os suicidas
e invejar sua coragem
admita a inexistência do amor
mas não cesse de persegui-lo
É de suma importância
a beleza da doença.
principalmente se definhando.
Amar a noite acima de tudo
e nunca temer a luz do sol
pois sem esse, a lua nada seria.
Aceite a lua e as estrelas
como eternas amantes,
mesmo que platônico.
Evite o conformismo
mesmo "não esquerdo"
ser "Gauche" de algum jeito.
O poeta deve amar-se
e odiar-se ao mesmo tempo
abandonando certezas
e se entregando às duvidas
Para se fazer poesia
é importante
MUITO importante
ignorar os palpites alheios
principalmente os que começam
"para se fazer poesia"
Rancor antigo
Parte 1 - Dor
Lamurias de um poeta morto
ouça o que te digo,serei poeta nunca mais
sem poesia, lirismo jamais!
nunca mais um canto,ou algumas trovas
minhas linhas agora estão mortas.
Provável que não irei mais escreve-las
infernal, será revê-las
quem sabe,este seja o ultimo poema
de resto, da terra serão problema.
Perdida a paixão
sem sentimento, nenhuma canção
cantarei o arrependimento
passado sem volta
morto é o sentimento
do poeta no esquecimento.
Meus demônios, meus companheiros
chamo a morte, em atos rotineiros
sem sonhos, só pesadelos.
Notas musicais dissonantes
nada como era antes
ódio que substitui o amor
bruto remédio para a dor.
Deus é cruel por ter feito o coração
sujeito a tal mutilação
Parte 2 - Solidão
Nessas linhas, meu ultimo suspiro
o resto do ar que respiro
meu ultimo ardor
e resto de calor.
Vagarei pela terra de frio congelante
inalando o frio cortante
queimarei no fogo escaldante
Irei para muito longe
sem ninguém, de conde a monge
a todos amaldiçoar
sem beleza admirar.
Como princesa e bardo
vejo belo feio
e feio belo
meu fardo
meu sol amarelo.
Somente escuridão
abandonado na perdição
pendurado na solidão
foste a primeira amada
a primeira cilada
frente a minha maluquice
fruto da meninice
procurou refugio
em outro amado
outro namorado.
Parte 3 - Raiva e despedida
Não posso ser esquecido
nem substituído
o que fiz por ti
homem algum te fara sentir
Desapareço agora na história
dos livros e da memória
deixo de respirar
para a terra me devorar
caio no esquecimento
sob o chão de cimento
essa é a despedida
de uma vida bem vivida
o adeus do homem
que ignora deus.
fique com ele
pois o diabo
já é meu.